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Walter Domingos Borges Gonçalves
POLÍTICA PÚBLICA EDUCACIONAL: DESAFIOS DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO
Revista de Estudos em Organizações e Controladoria - REOC, ISSN 2763-9673, UNICENTRO, Irati-PR, v. 2, Dossiê APP, p. 119-134, dez., 2022.
Os cortes não só limitam o funcionamento técnico das universidades, mas também
afetam de forma direta e indireta o programa de assistência estudantil, tendo em vista que,
“além da pandemia da covid-19, o ano de 2020 trouxe ainda uma nova barreira para as
instituições federais de ensino superior (Ifes): o corte de 40% das verbas do Plano Nacional de
Assistência Estudantil (Pnaes), se comparado a 2019” (PORTO, 2021, p. 6). Apesar dos
cortes, as universidades têm tentado assegurar as bolsas e auxílios de assistências sociais para
evitar um caos maior no ensino superior.
Nessa perspectiva, o pró-reitor de assuntos estudantis da Universidade Federal do
Catalão – UFCAT, Emerson Gervásio (2021), argumenta que a instituição tem priorizado as
assistências aos alunos bolsistas ou cotistas com subsídios de alimentação e saúde. Ainda,
salienta que por conta da pandemia e das aulas remotas, os serviços de restaurante
universitário foram suspensos, o que estimulou a universidade a estabelecer bolsas
alimentação para os discentes em situação de vulnerabilidade social. A UFCAT, ainda
disponibilizou assistência de saúde para todas as categorias por causa da pandemia e aos
estudantes este projeto (saúde física e mental) tem como propósito garantir a sua permanência
na universidade (GERVÁSIO, 2021, p. 6).
Não obstante, na pandemia diversos países direcionaram maior capital financeiro nos
projetos educacionais, de modo a incentivar a criação de vacinas e outros insumos sanitários
de combate a covid-19, porém o governo brasileiro em vez disso, adotou os cortes de verbas,
prejudicando o papel da ciência em busca de soluções (vacina) para combater a proliferação
da Covid-19 no país.
O governo Bolsonaro cortou 68,9% da cota de importação de equipamentos e
insumos destinados à pesquisa científica, o que afetará ações desenvolvidas pelo
Instituto Butantan e pela Fiocruz no combate à pandemia da Covid-19. O valor foi
reduzido de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão) no ano passado para US$ 93,29
milhões (R$ 499,6 milhões). Um levantamento feito pelo CNPq mostra que a
redução feita pelo governo Bolsonaro, em plena pandemia, é sem precedentes na
última década (DEUS, 2021, p. 5).
De forma complementar, Silva (2021, p. 3) argumenta que “[...] tivemos cortes nas
universidades federais, cortes de bolsas, perdas salariais e outras ações que têm impactado de
forma negativa todo o legado construído pela educação nas últimas décadas”.
Em forma de síntese, pode-se afirmar que mesmo com o projeto de sucateamento das
instituições públicas federais, principalmente no governo Bolsonaro, mediante as regressões
orçamentárias, as universidades vêm resistindo e desempenhando um papel fundamental no
combate a cCvid-19. Nesse contexto, João de Deus (2021) que é professor da Universidade
Federal de Goiás (UFG), afirma que: