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Luna Rezende Machado de Sousa, Maria Eliana Madalozzo Schieferdecker e Rafael Gomes Ditterich
ANÁLISE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADOS AOS USUÁRIOS EM NUTRIÇÃO ENTERAL DOMICILIAR EM MUNICÍPIOS DE
UMA REGIÃO METROPOLITANA DO PARANÁ
Revista de Estudos em Organizações e Controladoria - REOC, ISSN 2763-9673, UNICENTRO, Irati-PR, v. 2, Dossiê APP, p. 04-27, dez., 2022.
ter um impacto muito grande no orçamento das famílias' então eu pensava assim,
basicamente como se eu fosse um paciente que ganhasse um salário-mínimo... Daí eu
levei este cálculo para as fórmulas, geralmente estas famílias nem tem renda, ou se é
um paciente que já está usando fórmula não tem nem condição de trabalhar, ou está
vivendo de algum benefício do governo. Então quando a gente coloca a conta na ponta
do lápis, o custo que tem para o município fornecer estas fórmulas é mínimo se a gente
for pensar, do que a gente jogar este custo pro paciente. Então, ah, vamos pensar numa
fórmula que seja minimamente barata, uma fórmula padrão, que uma lata vai custar
40 reais, só que o paciente não vai usar uma única lata, então vamos jogar 4 latas,
mesma coisa, eu não posso jogar um custo de quase 20% da renda do paciente para
ele adquirir um tratamento de saúde que é previsto na constituição. A fórmula não está
prevista na constituição, mas a assistência está prevista. Então eu tive muito essa
mudança assim, quando eu entrei na gestão do serviço eu pensava muito no custo, isso
vai custar tanto e a gente vai atender tanto, só que daí depois eu pensei a ter um outro
olhar, a gente não pode só se basear na questão do custo, a gente tem de pensar nos
benefícios que isso vai trazer tanto pra população, quanto pra gestão. Acho que a
implantação tanto deste protocolo, seja de fornecimento de fórmula, seja com
fornecimento de medicamentos, é pensando no bem coletivo sim, né, e que ele traz
um impacto muito grande para gente. Então se eu deixo de fornecer, sei lá uma
fórmula, ou um medicamento, o impacto que isso vai ter para mim daqui dois, três ou
quatro anos é muito grande. Então eu acho que eu tive essa mudança de visão a partir
da gestão destes programas.” P11
Uma vez inseridos na agenda, os problemas públicos também precisam ser ordenados
por prioridade, o que pode ser a etapa mais difícil para os governantes (SECCHI, 2013). Esta
lista de prioridades é dinâmica, os problemas ganham e perdem prioridade no curso do tempo
devido a episódios marcantes (epidemias, desastres naturais, guerras), sazonalidade (enchentes
frequentes no verão e períodos de seca) ou quando uma situação retoma progressivamente à
normalidade (após conflitos violentos e problemas de segurança nacional). A permanência de
um problema público na agenda também não é garantida, mesmo diante de sua não resolução,
os problemas entram e saem da agenda por diferentes motivos, como limitação de recursos
humanos e financeiros, falta de tempo, interesse político ou falta de pressão popular.
4.2 Formulação da política
Esta etapa, também chamada de formulação das alternativas, consiste na construção de
soluções para o problema identificado e inserido na agenda (SECCHI, 2013). Inicia-se com a
definição do objetivo, o que se espera com a implantação da política pública. Na sequência, é
preciso analisar as consequências do problema, seus custos e possibilidades de resolução, cada
alternativa deve ser estudada com cautela. Esta fase precisa ser conduzida por especialistas no
tema, eles que delinearão as possíveis soluções para o problema e as apresentarão para os
tomadores de decisão, como o gestor municipal de saúde e/ou prefeito.
Dos municípios entrevistados, apenas um mostrou estar nesta fase do ciclo, ao relatar
que estava elaborando um protocolo municipal voltado à organização da RAS aos usuários em
NED, com vistas à garantia do seu DHAA, conforme relato do entrevistado P07: “Estamos em